Nos últimos anos, a odontologia tem passado por uma revolução impulsionada pela tecnologia digital. Esta transformação não só introduziu inovações significativas na prática odontológica, mas também redefiniu a maneira como os profissionais de saúde bucal diagnosticam, tratam e se comunicam com os pacientes. A implantodontia digital, que integra tecnologias avançadas em todos os aspectos do cuidado odontológico, está estabelecendo novos padrões de excelência na especialidade.
O fluxo digital permite que o paciente tenha seu trabalho finalizado em menor número de consultas, bem como possibilita uma previsibilidade maior, pois é possível mostrar todos os passos antes que eles sejam tomados, permitindo ao paciente opinar sobre o tratamento, aumentando seu engajamento. O uso do escaneamento intraoral também aumenta significativamente o conforto do paciente e do profissional, sendo possível escanear e enviar ao laboratório em intervalo de poucos minutos.
O caso abaixo descreve o fluxo de um elemento unitário 12 a partir da etapa protética. O paciente recebeu implante imediato no mesmo ato de remoção da raiz residual, tendo sido utilizado um Infra 3.8×10 e uma estética imediata com o próprio dente do paciente capturado em uma base de titânio de 3.5×2.5 com retenção hibridizada (imagem 1). Após a remoção do provisório, é possível perceber a saúde do tecido mole, bem como o perfil de emergência do elemento. Imagem 2 e 3). Isso indica que os tecidos moles estão estáveis, e a radiografia periapical indica que o tecido duro apresenta o mesmo comportamento (imagem 4), podendo-se, então, iniciarmos a etapa protética.
O próximo passo se refere à moldagem, a qual, nesse caso, seja feita digitalmente a partir de escâner intraoral da marca Shining 3d modelo Aoral scan 3. O fluxo selecionado foi com a prótese direto da cabeça do implante a partir do o uso de uma base de titânio de mesmo tamanho e perfil da utilizada no dente provisório. Então, foi-se selecionado o scanbody da cabeça do implante (imagem 5) bem como o análogo digital para o caso. Nessa foto é possível ver o scanbody na parte superior parafusado ao análogo digital.
Após o escaneamento temos o modelo digital do paciente conforme a imagem 6, onde é possível ver o paciente já em máxima intercuspidação habitual (MIH) bem como o scanbody demonstrando a posição do implante do elemento 12. Em sequência o laboratório de prótese (Dentebello/Porto Alegre – RS) realiza o enceramento digital do elemento dental, o qual é enviado ao dentista para aprovação ou modificação, conforme a imagem 7. Essa etapa é muito interessante pois permite ao paciente ver o formato do dente e, inclusive, opinar sobre sua própria reabilitação, como foi no caso no qual o paciente solicitou que o dente fosse levemente girovertido como o homólogo. Após aprovado, o trabalho já enviado finalizado, sendo a nossa escolha uma coroa de zircônia monolítica maquiada, a qual será cimentada ao base de titânio (imagem 8 e 9).
Após cimentação, o conjunto será parafusado no implante, haja visto que o planejamento foi de uma prótese com retenção híbrida, a qual é cimentada extraoralmente e parafusada dentro da cavidade oral. É possível na imagem 10 observar o orifício pelo qual o parafuso e a chave protética passarão, permitindo que a prótese tenha reversibilidade. Por fim, a prótese recebe os ajustes oclusais se necessários e o parafuso protético recebe o torque de 15 N/cm conforme indicação do fabricante (Imagem 11). Após, o orifício do parafuso é selado com fita teflon e uma camada de resina de dentina da mesma cor da coroa de zircônia.
Todo esse fluxo exigiu apenas três consultas, sendo que uma das mesmas foi necessária porque o paciente não aprovou a cor. Além da rapidez do tratamento aumentada, a precisão dos componentes e contatos oclusais devem ser louvados, sendo que o ajuste oclusal não foi necessário, tampouco o interproximal. E, por fim, vale a pena salientar o conforto do paciente, pois o mesmo já havia relatado na anamnese que sentia grande desconforto de ânsia ao ser moldado, o que no digital fica totalmente removido.
Dr. Lucas Telles
Consultor Científico